O ar sisudo com que o Vigário encarara aquele pedaço de papel foi tudo menos antecipado por Sylarnash. A reação não tinha sido a esperada, a expressão facial acrescida pela aparente imobilidade do seu tio fez Sylarnash temer o pior e ele empalideceu, no entanto como que por magia, breves segundos depois Monsenhor Guido despertou daquele transe e expressou-se, mostrando o ar reprovador que o Cónego Sylarnash não via à anos.
– Monsenhor, por favor, acalme-se. – pediu Sylarnash – Tudo a seu tempo, dir-lhe-ei como obtive este pedaço de pergaminho e a sua aparente razão para a sua existência mas tudo a seu tempo.
Sylarnash, que até então estivera pálido, ganhou alguma cor, sorriu e mergulhou novamente no assunto em mãos. Não da forma como tinha planeado, mas tentando algo diferente – não expondo o assunto de uma só vez, visto que poderia causar alguma maleita ao seu tio, mas sim tentando primeiro apaziguar os ânimos naquele quarto.
O Conde de Óbidos levantou-se, mostrando-se mais sereno, no entanto apenas fazendo transparecer tal sentimento, o assunto ainda ali estava e a sua perturbabilidade permanecia. Ele apontou para a carta que o seu tio tinha em mãos e com uma mão sobre o ombro do mesmo pediu algo ao seu tio.
– Nobre tio poderia verificar e confirmar se esta é a letra do nosso tio-Cardeal? – fazendo uma curta pausa, apenas para se recompor, explicou-se de imediato – Sabemos que este é o símbolo usado pelo Cardeal Miguel Ângelo Albuquerque, mas somente a letra provará que esta pequena carta foi escrita pelo próprio, e se foi… – uma nova pausa se seguiu, repetindo-se Sylarnash – E se foi, bem… – outra pausa se fez sentir naquele quarto – Lá chegaremos. – disse Sylarnash